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CAPÍTULO 4 ECOS DO PASSADO

Ecos do Passado

No silêncio filtrado pelas janelas grandes de seu gabinete, Dr. Caleb Vasconcellos repousava por um momento a caneta sobre os relatórios de contabilidade hospitalar e fechava os olhos, deixando as lembranças invadirem sua mente. 

Há três anos, ele perdera sua amada esposa, Sofi, vítima de um aneurisma cerebral fulminante, em um verão que jamais esqueceria.

Desde então, o hospital havia se tornado em seu refúgio e sua prisão. Como acionista majoritário de um conglomerado de saúde que reunia especialistas de ponta em todas as áreas e , ele se dividia entre reuniões de diretoria, decisões estratégicas e investigações discretas sobre movimentações financeiras estranhas que ameaçavam a reputação construída com tanto esforço.

Enquanto isso, seu filho Lucas, agora com cinco anos, passava a maior parte do tempo sob os cuidados de uma babá de confiança. 

Caleb raramente chegava a tempo do jantar e quase nunca via os primeiros progressos do filho. O sacrifício parecia inevitável! 

Sofi sempre enternecia seu coração ao falar de maternidade, mas a tragédia arrancara esse sonho de futuro.

 Agora, cada sorriso do seu filho Lucas era a única coisa que apesar de rara pelos horários que ele estava preso nos últimos tempos, permitia a ele acreditar em algo além da dor.

Sua cunhada Francine, morava na mansão do casal, e com a falta de sua irmã Sofi, assumira para si as tarefas domésticas e a educação informal de Lucas. 

Médica e colega de faculdade de Caleb, Francine mantinha uma postura discreta, e com a morte da irmã viu a possibilidade de seu antigo sonho da época de faculdade se tornar realidade, seus olhares demorados e gestos de cuidado revelavam uma paixão secreta.

Ela esperava, em silêncio, que Caleb vislumbrasse nela um novo amor, mas ele se via incapaz de reacender qualquer sentimento romântico desde a morte de Sofi.

Amável, ele permitia que ela dirigisse a rotina da casa, cobrisse reuniões que precisasse faltar ou presenciasse jantares que eram planejados para concluir acordos milionários, sem perceber a ambição oculta crescia a cada dia.

Porém com o acidente de Ava e seu subsequente coma, algo dentro de Caleb se quebrará.

Entrar em contato com aquela mulher ferida em nível profissional, mas a aparência frágil e a determinação silenciosa dela pela vida tocaram uma fresta em sua armadura.

Caleb interpretou esse impulso como humanidade pura, um médico dedicado que via emergir, sob as feridas e hematomas, a centelha de uma vida que precisava ser salva. 

Contudo, em seu íntimo, reconheceu um sentimento súbito pela fragilidade dela, algo que entrava em conflito com sua promessa de não se envolver novamente.

Olhou para a foto de Sofi e Lucas na mesa. Uma dor ainda viva perfurou seu peito, lembrando-o da promessa de proteger o filho a qualquer custo. 

Foi então que decidiu priorizar a recuperação de Ava, não apenas como paciente, mas como símbolo de redenção: 

Uma segunda chance que a vida, apesar de sua crueldade, oferecia num gesto quase divino.

Caleb apanhou o jaleco branco, sinal de sua autoridade no hospital, e caminhou pelos corredores largos, seus passos ecoando na madrugada silenciosa. Ao passar pelo CTI, onde Ava ainda dormia o sono do coma, sentiu o coração acelerar.

 A fragilidade dela, tantas vezes exposta no centro cirúrgico, contrastava com sua força latente, lembrando-o dos próprios dilemas: 

Renunciar ao amor ou permitir-se sentir algo novamente?

Em seu íntimo, o médico prometia a si mesmo manter o profissionalismo. Mas a cada batimento de seu coração, a voz de Sofi sussurrava:

 "Você merece amar de novo." 

E, se sua humanidade o movia, ele jurou a si mesmo que faria de tudo para reacender a esperança em dois corações: 

O de Ava e, talvez, o seu próprio!

Enquanto Caleb se afastava da porta do CTI, uma onda de conflito se instaurou em seu peito.

Ele sabia que aquele sentimento que fazia seu peito bater mais forte por Ava nascia da compaixão, mas sentia o calor de uma atração genuína, coisa que a muito tempo ele não sentia e tentava enganar a si próprio.

Cada batimento de seu coração remetia ao conselho de Sofi:

Amar de novo era não apenas permitido, mas necessário para completar a própria cura. Em silêncio, prometeu cuidar de Ava com o mesmo zelo com que amou sua esposa.

Lá dentro, Ava flutuava entre a lucidez e o torpor. Em seus sonhos, remexia-se como se buscasse uma mão amiga, um rosto familiar que lhe prometesse protecção. Quando sentiu o aperto suave da mão de Matilde, uma faísca de confiança invadiu seu coração. 

A tia, com lágrimas nos olhos, representava tudo o que ela ainda tinha de seguro, um amor materno que a confortava mesmo em seus momentos mais sombrios.

Matilde, por sua vez, experimentava um alívio vindo de suas raízes. Ao ver a sobrinha mover um dedo, sentiu todo o peso de semanas de angústia se dissolver.

Cada respiração de Ava era um milagre celebrado em seu íntimo, e, entre suspiros, jurava jamais abandoná-la.

Lucas, sem compreender inteiramente o que ocorria, sentia a ausência do pai ao chegar em casa.

 Era na figura de Francine que imaginava abrigo, e, ao pousar a cabeça no peito de Francine, permitia-se sentir o calor de uma família unida. 

Mas Lucas não sabia que, nos corredores do hospital, um novo laço de amor começava a se tecer e esse sim um amor verdadeiro sem nenhum traço de ambição ou falsidade entre o médico viúvo e a paciente que renascia.

 Essa teia de emoções marcaria o destino de todos, abrindo porta

s para um futuro onde a dor e a esperança caminhariam lado a lado.

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