Vozes Silenciadas
O primeiro sol depois da queda de Francine atravessa as vidraças da Fundação Vasconcellos como um farol sobre destroços.
Por fora, as pessoas veem elegância de mármore, por dentro as paredes ainda tremem com o susto da véspera.
Geradores roncam, extintores vazios continuam espalhados, e um cheiro metálico lembra que fogo nunca esteve tão perto.
Caleb acorda numa poltrona ao lado da cama de Ava. O relógio diz 6h08.
Lucas dorme enroscado num cobertor de dinossauros. O médico afaga o cabelo do filho; depois, debruça-se sobre Ava, que já desperta.
— Sonhou? Pergunta ele.
— Com o mar. Responde ela.
— A maré sempre volta.
Ele sorri, mas batidas urgentes chamam-no ao corredor.
Bianca o espera com semblante de quem carrega dinamite.
No centro de crise, Helena projeta transações criptografadas. No topo reluz “Fundación Albia – Montevideo” e o nome Rubén Ochoa.
— Exilado do Chile após experimentos proibidos. Explica Bianca.
— Recebeu da SpearPharm dez vezes