DEZ MINUTOS ANTES da REUNIÃO DE ANIVERSÁRIO
Lucas: E aí, cara, quando você e a aniversariante vêm aqui? A Lia acabou de chegar com o bolo. Cadê vocês?
Lucas Evans apertou “enviar” e recostou-se no sofá, esticando as pernas. Ele era melhor amigo de Adônis Cooper desde a escola primária, mas naquela noite não estava se sentindo muito amigável.
Alguns segundos depois, seu telefone tocou.
Adônis: Não posso hoje à noite. A Ester não está se sentindo bem e não tem ninguém para cuidar dela, então vou ficar aqui a noite toda.
Lucas gemeu alto e ergueu o telefone para Walter White ver.
Wolly olhou para a tela e zombou.
— Você só pode estar brincando.
— Cara, eu sei. — Lucas revirou os olhos.
Ambos sabiam que Adônis tinha o hábito de largar tudo por Ester, mas isso? Deixar passar em branco o aniversário da noiva para bancar a babá? Mesmo para o Adônis, era um novo nível.
Lucas retrucou, com frustração transparecendo em suas palavras.
Lucas: Mas é o aniversário da sua noiva. Como você não vai comemorar?
A resposta veio quase instantaneamente. Uma foto de Ester encolhida na cama, com uma aparência lamentável, com Adônis deitado ao lado dela, o braço em volta do ombro dela como um tolo apaixonado.
Adônis: A Katherine entende. Ela vai fazer outro aniversário ano que vem. Tudo bem se eu perder só um.
Wolly xingou baixinho e pegou o próprio celular da mesa.
— Ele realmente não a merece. — Sem dizer mais nada, ele mandou uma mensagem para Katherine.
Wolly: Vista-se. Vamos comemorar seu aniversário. Sem discussões.
Lucas expirou pesadamente, balançando a cabeça. Ele nem tinha certeza se queria continuar falando. Se quisesse, talvez admitisse o quanto estava começando a se ressentir do melhor amigo.
Em vez disso, ele pegou o casaco.
— Vem. — murmurou. — Vamos buscar a nossa aniversariante.
[...]
O ar da noite estava fresco quando Katherine deslizou para o banco de trás do elegante Audi preto de Wolly. Ela estava naturalmente deslumbrante em um vestido preto justo, uma jaqueta jeans sobre os ombros e seus canelos escuros caindo em cascata pelas costas. Mas, apesar da roupa bonita, havia algo distante em sua expressão, como se ela estivesse tentando se convencer de que aquela noite seria divertida.
— Droga, Kate. — disse Lucas, olhando para ela pelo retrovisor. — Parece que você vai partir corações hoje à noite.
— Duvido. — Katherine deu uma risadinha.
Wolly deu um sorriso irônico.
— Então você vai ter uma surpresa. — Ele bateu no volante enquanto entravam na rua principal. —Tudo bem, aniversariante, vamos te embebedar hoje à noite.
Katherine riu.
— Vocês dois sabem que eu sou peso-leve. Dois drinques e eu termino.
— Perfeito. Mais barato assim. — Lucas sorriu.
Ela revirou os olhos, brincando, antes de se recostar.
— Então, como vai a vida na terra dos fundos fiduciários? Vocês dois ainda fingem trabalhar?
Wolly zombou.
— Com licença, eu trabalho. Eu administro um negócio.
— Comprar barras e deixar outras pessoas fazerem o trabalho não conta. — brincou Katherine.
— É, mas não dá para negar que ele escolheu uma boa. A Tartaruga Bêbada é um ótimo lugar.
— Com licença, eu supervisiono pessoalmente as operações. — Wolly fingiu estar ofendido.
— Aham. Do seu escritório particular enquanto bebia o inventário? — Katherine deu um sorriso irônico.
— Não preciso ficar aqui ouvindo essa calúnia. — Wolly apontou para ela, em tom de advertência.
— Sim, você tem. — Lucas bufou.
Katherine riu, sentindo-se mais leve pela primeira vez na noite. Olhou pela janela antes de suspirar.
— Sinceramente, eu precisava desta noite. Meu último turno antes das férias foi uma loucura.
— Drama hospitalar? — Lucas ergueu uma sobrancelha.
Ela assentiu.
— Na maioria. Mas teve uma paciente, uma mãe de primeira viagem. Uma mulher muito querida. Ela teve um parto muito difícil, mas superou como uma campeã. Logo antes de eu ir embora, ela voltou com um presente para mim.
— O que ela te deu? — Wolly olhou para ela pelo espelho.
— Uma pulseira. — Katherine ergueu o pulso, mostrando a delicada corrente de prata com um pequeno pingente gravado. — Ela disse que eu fui a primeira médica que a fez sentir que não era apenas mais uma paciente. Que eu realmente a ouvia.
Lucas soltou um assobio baixo.
— É porque você escuta, Kate. Você provavelmente é uma das poucas médicas que realmente se importa.
Katherine sorriu suavemente, passando os dedos pelo pingente.
— Ela disse que queria que eu tivesse algo para me lembrar dela. Foi fofo.
O tom de Wolly era mais leve, mas sincero.
— Isso é porque você é boa no que faz, Kate. Você se importa.
Por um momento, o carro ficou em silêncio, o peso das palavras deles pesou o clima, todos pensaram em Adônis. Então Lucas pigarreou, direcionando a conversa de volta para um rumo mais seguro.
— Certo, chega de momentos emocionantes. Vamos às perguntas de verdade.
— Tipo? — Katherine arqueou uma sobrancelha.
— Tipo, o quão bêbada precisamos te deixar antes de começar a cantar no karaokê? — Lucas deu um sorriso irônico.
— Não há álcool suficiente no mundo para isso. — Ela riu.
[...]
O bar fervilhava de energia quando eles entraram, a iluminação quente lançando um brilho dourado sobre a multidão. Um grupo de rostos conhecidos desejou-lhes feliz aniversário, e Katherine sentiu uma estranha mistura de gratidão e tristeza.
Wolly liderou o caminho até uma mesa reservada e, quando Katherine se sentou, ela inclinou a cabeça para seus dois melhores amigos.
— Então... — ela disse lentamente. — Algum de vocês sabia que o Adônis não viria hoje à noite?
Lucas e Wolly trocaram um breve olhar, rápido demais, mas perceptível o suficiente para fazer Katherine estreitar os olhos.
— Não. — disse Lucas lentamente, tomando um gole de sua bebida. — Surpresa total para nós.
Wolly assentiu.
— É. Completamente pego de surpresa.
Katherine cruzou os braços, sem se convencer.
— Humhum. E eu tenho que acreditar nisso?
Lucas suspirou dramaticamente.
— Kate, é seu aniversário. Não vamos falar dele.
Ela bufou, girando o canudo na bebida.
— Vocês dois são péssimos em mentir.
— Talvez. — Wolly deu de ombros. — Mas somos bons em garantir que você tenha uma ótima noite, então... escolha suas batalhas.
Ela soltou uma risada relutante, balançando a cabeça.
— Tudo bem. Um drinque e você já está ganhando.
— Com certeza. — Lucas sorriu.
Katherine suspirou, tomando um gole do seu coquetel. “Ótimo” - pensou. Se Adônis não estivesse ali, ela não ia perder a noite pensando nele.