Em apenas algumas horas, quando Katherine estava começando a se acomodar na noite, as portas do bar se abriram e o som de canto desafinado encheu o ar.
— PARABÉNS PRA VOCÊ... Katherine gemeu quando Lia Martins, Caio Brackil e Clint Morgan fizeram sua entrada triunfal, cantando a música com dramaticidade. Lia liderou o grupo, com uma tiara brilhante em uma mão e um boá de penas ridículo na outra. — Ah, não... — murmurou Katherine, balançando a cabeça. — Ah, SIM. — corrigiu Lia, colocando a tiara na cabeça de Katherine. — Você é a rainha esta noite. Clint colocou a estola em volta dos ombros de Katy com um floreio. — E toda rainha precisa de um pouco de estilo. — Ou boa parte disso, pelo visto. — Caio bufou. Katherine riu sem querer, balançando a cabeça. — Vocês são ridículos. — E ainda assim você nos ama. — Disse Lia com uma piscadela, sentando-se na mesa ao lado dela. Lucas ergueu o copo. — Para a nossa gloriosa aniversariante. Que ela beba irresponsavelmente, não se arrependa de nada e nunca, jamais, se contente com menos do que merece. As últimas palavras ficaram no ar por um segundo a mais. Katherine sorriu, mas o sorriso não chegou aos seus olhos. — Para Katherine. — acrescentou Wolly, batendo seu copo no dela. Eles beberam, riram e, por um momento, o peso no coração de Katherine pareceu um pouco mais leve. As bebidas fluíam, a música pulsava e as conversas oscilavam entre brincadeiras provocantes e momentos genuínos de aconchego. Às 23h45, era hora dos presentes. Katherine desembrulhou uma pilha de livros de Clint, recebendo um aceno de aprovação. — Achei que você precisaria de uma distração. — disse ele com uma piscadela. Caio deu a ela uma jaqueta de couro elegante, que ela experimentou imediatamente. — Ok, eu adorei isso. — admitiu ela, passando os dedos pelo tecido. Lia, naturalmente, se esforçou ao máximo, presenteando Katherine com uma pequena caixa de veludo. Dentro dela, havia um colar elegante, uma delicada corrente de prata com um pequeno pingente de safira. — Lia, isso é demais. — Katherine ofegou. — Bobagem. — disse Lia, acenando com a mão. —Você merece algo lindo. A noite foi repleta de calor, amor e o tipo de amizade que tornava a vida suportável. Mas, apesar das risadas, das bebidas e dos esforços dos amigos, Katherine não conseguia se livrar do peso que lhe incomodava no peito. De vez em quando, quando o barulho diminuía e ela não estava mais conversando, sua mente divagava. Seus dedos se curvavam em torno do pingente do seu novo colar, mas não era a joia que ela queria. Era ele. Ela passara a noite toda fingindo que não se importava, fingindo que não estava esperando que ele entrasse pela porta com aquele sorriso bobo e torto. Mas, à medida que os minutos passavam, à medida que ia se dando conta de que ele realmente não viria, a dor em seu coração se aprofundava. Ela sentia falta dele. Deus a ajude, ela sentiu muita falta dele. [...] Adônis sentou-se ao lado da cama de hospital de Ester, com a mão sobre a dela enquanto ela lhe dava um sorriso fraco. — Eu odeio hospitais. — ela murmurou. — Eu sei. — disse Adônis docemente. — Você me assustou, Ester. Ester suspirou dramaticamente. — Não é tão sério assim. Estão só fazendo uns exames. — Mesmo assim, você deveria ter me ligado antes. — Adônis apertou a mão dela. Ela hesitou, depois olhou para ele com aqueles olhos profundos e familiares. — Você foi a primeira pessoa em quem pensei. Algo mudou no ar. Ester respirou fundo, apertando os dedos dele. — Dony... — Ela engoliu em seco, os olhos brilhando. — Preciso te contar uma coisa. — O que foi? — Ele franziu a testa. Ela desviou o olhar por um instante, como se estivesse reunindo coragem, e então encontrou o olhar dele. — Eu nunca deixei de te amar. — O coração de Adônis parou. — Eu me arrependo de tudo. — sussurrou, com a voz carregada de emoção. — Te deixar, escolher ele ... Meu Deus, Dony, foi o pior erro da minha vida. O nome que ela se recusava a dizer continuava entre eles como um fantasma. Mas Adônis não se importava com isso. Ele não se importava com ele... Ele só se importava com ela. — Você quer mesmo dizer isso? — ele perguntou, com a voz rouca. Uma lágrima escorreu pela bochecha de Ester. — Sim, eu sei. Eu nunca deveria ter deixado você ir. Foi só isso que precisou. Adônis segurou o rosto dela, seus lábios se chocando contra os dela em um beijo desesperado e febril. O passado, a dor, os anos separados, nada mais importava. Tudo o que importava era que ela estava ali, que ela ainda o desejava. Ele mal registrou o bipe das máquinas, o cheiro estéril do hospital. Nada existia além do calor entre eles, a maneira como o corpo dela se fundia ao dele enquanto ele estendia a mão para puxar a cortina ao redor da cama. Ele não pensou em Katherine. Nem uma vez.