Naquele momento, o mais estranho era perceber que, mesmo depois de tudo, eu não sentia medo de George.
O que me consumia por dentro era um tipo de raiva sufocante, um ressentimento cuja origem eu mal sabia explicar.
Odiava o jeito como ele me fazia sofrer, odiava ainda mais ter me apaixonado assim, sem perceber, depois de passar tanto tempo o desprezando.
Era uma dor amarga, difícil de suportar.
Meus olhos começaram a arder. Tive que fazer um esforço para segurar o choro, respirando fundo enquanto o embaraço tomava conta de mim.
Não demorou muito até que George, depois de me encarar por longos segundos com aquele olhar sério, soltasse um suspiro cansado.
Ele encostou os lábios nos meus com uma doçura misturada à resignação. Falando baixinho, deixou escapar um comentário que até soou gentil vindo dele:
— Nunca pensei que você pudesse ser tão teimosa.
Desviei o rosto, mas as lágrimas, que já vinham ameaçando cair, simplesmente fluíram. Era curioso. Enquanto ele foi duro e impiedoso,