Selene
O salão ficou silencioso. Ouvi passos no corredor, gente escutando. Continuei:
— Não fui marcada para ser sombra de homem nenhum. Nem para passar na frente de quem rala. Fui marcada para caminhar ao lado deles. E é isso que vou fazer. Se vocês quiserem caminhar também, sentem no mapa. Se quiserem atrapalhar, saiam do caminho.
O ancião mais jovem baixou os olhos. O mais velho pigarreou.
— A casa está cheia. — disse — Vamos observar. Se houver quebra de regra, pedimos sua intervenção direta.
— Peçam. — concordei — E façam o mesmo com qualquer homem daqui de dentro. A regra é a mesma para todos.
— Sim. — ele disse, seco, mas disse.
Levantei. Não estendi mão para ser beijada. Não inclinei a cabeça mais que o necessário. Saí do salão. O corredor abriu espaço. Não ouvi cochicho. Ouvi trabalho.
No pátio, encontrei Damian com prancheta e dois ajudantes.
— Como foi? — ele perguntou, sem rodeio.
— Direto. Eles vão observar. Eu vou trabalhar.
— Bom. — respondeu — Tenho números. Despensa p