Selene
No fim da batalha, quando a fumaça baixou e os gritos viraram apenas eco, eu caminhei entre os corpos com uma prancheta na mão, papel simples, lápis de carvão.
Não era um ritual bonito. Era um dever. Eu precisava saber quem tinha voltado. Eu precisava olhar nos olhos dos vivos e dizer seus nomes em voz alta para que a vida escutasse.
— Conte comigo. — disse Iara, ao meu lado, firme como sempre.
Concordei. Atrás de nós, homens e mulheres erguiam macas, recolhiam armas, cobriam mortos com panos. O vale, que horas antes parecia aberto para engolir tudo, agora estava quieto. Quieto e pesado.
Procurei primeiro pelos lobos de Calíope. Eles tinham vindo de longe, atravessando passagem e neve, pela promessa de justiça. Eu devia a eles algo mais que gratidão. Devia números. Devia verdade.
— São os Lazzuri. — falou Dagan, apontando para um grupo reunido ao pé de uma rocha — Muitos feridos. Poucos inteiros.
Eu me aproximei. Vi rostos que eu reconhecia do jantar da aliança… Thales, que ti