Damian
A vida com Selene, depois da guerra e do joelho do conselho no chão, não ficou mais simples. Ficou verdadeira. E verdade tem peso, bom de carregar, mas peso.
O acordo que fizemos no salão das runas continua sendo o mesmo: “de dia, comigo, de noite, com Damon, e, em todos os instantes, consigo mesma”. Só que combinamos também a ordem dos herdeiros. Primeiro, eu.
Depois, meu irmão. Selene aceitou sem mais, como quem escolhe caminho com os pés no chão. E, para cumprir a decisão, ela ficou só no meu quarto por um tempo, mesmo com a saudade explícita do toque do Rei da Noite.
— Se eu olhar para a torre dele, você vai me trazer de volta? — ela brincou, certa noite, deitada no meu peito.
— Nem precisa olhar. — respondi — Eu te trago de volta de olhos fechados.
Ela riu, mas eu escutei a falta. Não de mim. Dele. E aprendi a não ter medo disso. A maldição morreu. O ciúme que sobrava era só eco. Quando aparecia, eu respirava até doer, lembrava que Selene é ponte, não corda para puxar, e