Capítulo 40

O domingo amanheceu nublado, com uma névoa delicada cobrindo o jardim da casa de Sol.

Clara desceu ainda de pantufas, abraçada a um cobertor azul-claro. O chá já estava na térmica — Sol tinha saído para correr, como vinha fazendo nas últimas semanas, deixando bilhetes pela casa em vez de palavras ditas.

Na mesa da cozinha, um papel dobrado.

“Se o dia estiver pesado, deixa ele chover.

Eu volto com pão.”

– S.”

Clara sorriu.

Fez seu chá.

E caminhou até o ateliê improvisado.

No cavalete, uma nova tela secava: uma mulher de olhos fechados, segurando um bilhete entre os dedos.

Não se lia o conteúdo, mas a expressão dela dizia tudo: era amor contido e, ao mesmo tempo, entrega.

Clara abriu o caderno e escreveu:

“Ainda não lembro, mas hoje não pesa.”

Por volta das onze da manhã, a campainha tocou.

Clara, que desenhava descalça no chão, prendeu os cabelos em um coque rápido e foi atender.

Do outro lado, um sorriso conhecido, colorido, irreverente.

— Reggie?

— Em pessoa, minha musa hospitalar pr
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