A livraria era pequena.
Uma daquelas escondidas entre duas cafeterias em Manhattan, com letreiros escritos à mão e flores secas nas vitrines.
Dentro, o cheiro era de madeira velha e páginas folheadas.
Era um dia comum.
Chovia lá fora.
Garoa fina, sem pretensão.
A mulher entrou sozinha, tirando o capuz do casaco.
Cabelos castanhos presos com uma presilha.
Mãos frias.
Olhos atentos.
Passeou entre as prateleiras.
Ficou na seção de arte por alguns minutos.
Depois, parou diante de uma estante com livros de capa azul.
INTERVALO.
De Clara Rivera.
Pegou um exemplar.
Folheou distraída.
E, no meio das páginas, algo caiu.
Um bilhete.
Papel antigo, levemente dobrado, escrito com caneta preta.
“Se você encontrar isso…
talvez esteja procurando silêncio.
Então lembre:
O silêncio não é ausência.
É pausa.
E às vezes, na pausa… a gente se encontra.”
Ela sorriu.
Dobrou o bilhete com cuidado.
Guardou no bolso do casaco.
Não comprou o livro naquele dia.
Mas saiu com ele na alma.
Anos depois, a galeria Gus