Clara acordou antes do sol alcançar a janela.
O apartamento ainda cheirava a café da noite anterior e tinta seca.
Abriu a cortina, sentiu a brisa fria da manhã entrando devagar, e sorriu sozinha.
Hoje, eles fugiriam.
Não por medo, mas por merecimento.
Separou morangos, uvas, queijo fresco, uma fatia de bolo de nozes que ela mesma assou dias antes.
Colocou tudo numa cesta de tecido xadrez, junto com uma garrafa de vinho branco na térmica pequena.
Pão rústico com crosta dourada, um vidro de geleia de figo comprada em Beacon, e talheres de madeira que Sol deixara por ali numa das últimas visitas.
Antes de Noah acordar, colou um bilhete no espelho do banheiro:
“Hoje não temos hora.
Só vontade.”
Ele apareceu minutos depois, com os cabelos desalinhados e a camiseta amassada.
— Isso tudo é café da manhã ou uma confissão?
— É um convite.
— Pra quê?
— Pra sumir comigo por algumas horas.
— Precisa de passaporte?
— Só do seu sorriso.
E da sua mochila.
Eu deixei o destino lá.
Ele foi até a mochil