Capítulo 39

O sábado amanheceu com cheiro de bolo de laranja no forno.

Clara desceu as escadas sentindo que algo no dia tinha um sabor de promessa — daqueles que não precisam ser ditos, só sentidos.

Na cozinha, André cantarolava uma música da infância. Sol cortava frutas com os cabelos ainda presos de qualquer jeito.

— Tem feira no centro — disse ela, sem levantar os olhos. — Quer vir?

Clara hesitou por um segundo, mas depois assentiu com um sorriso calmo.

— Quero.

Era a primeira vez que aceitava um convite assim. Sem pensar demais. Sem medo do mundo.

Foram a pé, as duas. Sol de tênis e óculos escuros. Clara com um vestido leve e uma bolsinha de tecido pendurada no ombro.

O dia estava claro, mas não quente. As árvores dançavam discretamente com o vento, e Beacon parecia mais viva do que nunca.

A feirinha ocupava duas ruas, com barracas de flores, livros usados, objetos antigos, sabonetes artesanais e cartazes pintados à mão.

Clara caminhava devagar, os olhos tocando tudo com curiosidade calma.

Pa
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