A galeria estava diferente naquela noite.
As paredes, normalmente ocupadas por quadros e esculturas, agora tinham palavras.
Frases selecionadas do livro INTERVALO, impressas em papel artesanal e coladas como poesia em varal.
Cada trecho parecia respirar.
“Você chegou até aqui. Então já sabe: o amor sobreviveu.”
“Entre uma página e outra, ele ainda estava aqui.”
“Quando tudo parou, o tempo finalmente falou comigo.”
Clara entrou de mãos dadas com Noah.
Estava com um vestido claro, leve, sem muitos detalhes.
Mas o olhar brilhava com a mesma intensidade das lâmpadas penduradas no teto.
Gus organizara tudo.
Com a ajuda de Leo, Sol e até André — que, embora advogado, sabia empilhar livros como ninguém.
Havia pequenas mesas com velas baixas.
Cestas com exemplares do livro.
E no fundo, uma mesa de comidas simples e elegantes: bruschettas, frutas secas, queijos, pães quentes, vinho branco e hibisco gelado.
No canto da galeria, uma tela solitária: a espiral.
A original.
Clara foi até ela, tocou