O ranger metálico do portão da cela ecoou pelo corredor úmido e sombrio da penitenciária feminina. Amélia estava sentada no beliche inferior, vestida com o uniforme bege do presídio, os cabelos presos num coque apertado e o olhar perdido no chão de cimento frio. Ainda se recuperava dos efeitos da anestesia da retirada da bala em sua perna — e, indiretamente, do o rumo que sua vida tomara desde aquela noite.
Era difícil aceitar estar ali. Uma cela. Uma cama dura. Uma privada à vista. E silêncio. Silêncio demais para alguém que sempre viveu cercada por empregados, sussurros bajuladores e taças de cristal.
O guarda anunciou:
— Visita para você, Amélia Eagleton.
Ela arqueou uma sobrancelha.
— Visita? — repetiu, com desdém. — Achei que ninguém mais ousaria me visitar.
Quando o homem entrou na cela, não era o que ela esperava.
Um sujeito alto, braços largos como troncos de árvore, expressão fechada e uma farda mal passada. Tinha o rosto marcado por rugas de tensão e os olhos escuros de que