O silêncio do quarto hospitalar era quebrado apenas pelo som intermitente do monitor cardíaco. Alis fitava o teto branco, alheia a tudo, como se a mente vagasse por lugares que nem ela conseguia alcançar. Tinha sobrevivido. A tempestade havia passado, mas o peso das consequências parecia esmagar seus ombros frágeis.
O braço ainda estava imobilizado e as mãos enfaixadas ardiam de leve, lembranças físicas da luta. Seu corpo doía, mas era a alma que sangrava.
A porta foi aberta com discrição. O detetive Alex Cartumis entrou, trajando roupas civis. Trazia um envelope em mãos e uma expressão cansada no rosto.
— Como está se sentindo? — perguntou ele, sentando-se na poltrona ao lado da cama.
Alis respirou fundo.
— Cansada. E... vazia. Obrigada, detetive, por... por tudo.
Cartumis assentiu.
— Achei que devia vir pessoalmente. O médico me avisou que você receberá alta amanhã. O boletim indica que está fora de perigo. Mas há questões legais que precisam ser resolvidas.
Ela o encarou com calma.