Acordei com a luz fraca do dia atravessando as frestas da persiana torta. A claridade esbranquiçada da manhã de Londres não trazia calor algum, só um lembrete de que o mundo continuava girando... mesmo quando tudo dentro de mim parecia estagnado.
Virei devagar na cama, espreguiçando os músculos doloridos. Meu corpo gritava por mais descanso, mas a realidade não me dava esse luxo. O colchão afundava embaixo de mim, e a ausência ao lado, no espaço onde Roger deveria estar, era tão constante que já não doía. Só era.
Levantei com calma, pegando a manta fina que havia jogado aos pés da cama durante a madrugada, e enrolei no corpo para abafar o frio que subia do chão. Os chinelos estavam gelados, mas caminhei até a cozinha assim mesmo, pisando leve para não me lembrar do silêncio opressor que tomava conta do apartamento.
Liguei a chaleira. Peguei a caneca lascada com estampa de limão que ganhei de uma amiga na faculdade. Ainda havia um restinho de pão dormido. Passei margarina e coloquei na