O cheiro do café, que antes era quase terapêutico para mim, agora se tornou um gatilho.
Amargo.
Quente demais.
Pesado demais.
Ele ainda estava lá. Sentado à mesa próxima da janela, com aquele mesmo ar de poder silencioso, como se nada o abalasse. Mas eu sabia. Eu vi nos olhos dele. A dúvida. O impacto. A pergunta que gritou no fundo do silêncio entre nós.
Ravi me olhou como se tivesse acabado de ver um fantasma.
E, de certo modo, era isso mesmo que eu era: uma lembrança mal resolvida que ele nunca esperou rever. Ainda mais assim.
Grávida.
Passei o restante do turno flutuando entre as mesas, com o coração martelando no peito e as mãos frias demais para segurarem as xícaras com segurança. Tentei manter a cabeça erguida, os ombros retos, o sorriso mecânico que os clientes esperavam. Mas por dentro… eu estava desmoronando.
E ele me olhava.
Eu sentia. Mesmo quando não ousava levantar os olhos.
Ravi desviava o olhar dos sócios para mim, como se buscasse confirmação para o que já suspeitava.