O cursor piscava na tela.
Trinta e dois e-mails não lidos.
Dois contratos pendentes de assinatura.
Uma reunião marcada para o meio da tarde.
E eu? Estava ali, parado, encarando o nada como se isso fosse resolver o turbilhão que tomava minha mente desde ontem.
Ela está grávida.
As palavras ainda ecoavam, mesmo que nunca tivessem sido ditas em voz alta.
A imagem da garota no balcão da cafeteria — a mesma que há cinco meses desapareceu da minha vida como um borrão de perfume e pele quente — não saía da minha cabeça. O sorriso inseguro. Os olhos assustados. As mãos trêmulas ao me entregar a xícara de café. E depois... a curva sob o avental.
Não era uma impressão. Não era paranoia.
Ela estava grávida.
E pelo tempo... poderia ser meu.
Me levantei da cadeira e caminhei até a parede de vidro que cobria metade do meu escritório. A cidade se estendia abaixo, cinza e viva. Carros corriam pelas avenidas como formigas apressadas, e lá embaixo, em algum ponto escondido, ela provavelmente já estava