A vista da cobertura sempre parece diferente quando Manu está aqui.
O céu fica mais claro, a cidade mais silenciosa, o ar mais leve.
Ou talvez seja apenas eu — pela primeira vez em muitos anos, completamente presente, sem dor corroendo a nuca, sem a sombra de Helena me puxando para o fundo.
Hoje era o dia que eu nunca achei que veria acontecer.
Roger estava preso.
Manu estava livre.
E nós… nós estávamos aqui, juntos, vivos.
Daniel falava alguma coisa sobre prazos e formalidades jurídicas, mas minha mente não conseguia se fixar. Eu apenas observava Manu rindo baixinho com Lourdes, as mãos acariciando a barriga já arredondada, o brilho nos olhos iluminando a sala inteira.
— Você está muito calado — Daniel comentou, enquanto eu servia vinho para ele.
— Estou processando — respondi. Processando que tudo acabou. Que ela está segura.
Que posso respirar.
— E agora? — ele perguntou.
Agora?
Agora era a primeira vez que eu me permitia pensar em futuro.
Lourdes voltou da cozinha com os pratos li