Fechei a porta do apartamento devagar, como se o mínimo barulho pudesse desmoronar o que restava do meu equilíbrio.
O som da chave girando na fechadura foi o único sinal de que eu estava sozinha. De novo.
Joguei a bolsa no sofá manchado e desamarrei o avental com as mãos ainda trêmulas. A imagem dele… sentando ali, me esperando como se tivesse o direito. Como se cinco meses não tivessem passado. Como se tudo tivesse ficado em suspenso desde aquela noite.
Ravi.
Mesmo o nome parecia um sussurro que eu evitava dizer.
Ele ficou lá por horas. Me observando. Esperando. E mesmo quando tentei fingir, mesmo quando desviei os olhos, minha pele sabia que ele estava ali. Como um eco no fundo do peito.
E agora queria almoçar comigo.
Era só um almoço. Só uma hora. Mas uma parte de mim sabia que, uma vez sentada àquela mesa com ele, tudo mudaria. De novo.
Fui até o banheiro, tirando a blusa pelo caminho, e me encarei no espelho. O reflexo devolveu minha imagem com franqueza cruel: olheiras profundas