O cheiro do arroz com alho e do refogado de legumes preenchia a cozinha estreita do apartamento.
Meus pés doíam, mas continuei mexendo a panela com a colher de pau, tentando não pensar demais. Era sexta-feira. A casa estava silenciosa — sem música, sem passos, sem gritos. Roger ainda não tinha chegado. E por mais estranho que parecesse… era a primeira vez na semana em que ele chegava cedo.
Talvez isso fosse um sinal.
Talvez hoje ele estivesse mais calmo. Mais presente.
Talvez.
Desliguei o fogo, ajeitei o cabelo com os dedos e fui até o pequeno armário. Peguei os dois pratos menos lascados e os coloquei na mesa junto com os copos de vidro. Tudo simples. Tudo limpo. Tudo em ordem, como ele gostava.
Olhei em volta, passando os olhos pelos móveis gastos, pelas cadeiras bambas, pela cortina velha da sala. Um cenário longe da vida que imaginei para mim — e ainda mais distante da que meu bebê merecia.
— Como é que eu vou te criar, hein? — sussurrei para minha barriga, tocando-a com a palma d