O carro deslizava pelas ruas molhadas de Londres enquanto eu me esforçava para manter os olhos na estrada, mas era inútil.
O rosto dela vinha à minha mente como um fantasma impaciente — olhos castanhos arregalados, a boca entreaberta em espanto e o avental levemente estufado cobrindo a curva da barriga. Era impossível esquecer. E ainda mais impossível ignorar.
Eu não tinha certeza do que faria. Não havia um plano. Só a urgência. Uma ânsia que começou ontem à tarde e cresceu durante a noite, me impedindo de dormir. Mesmo depois de Pedro tentar me tranquilizar, mesmo após o silêncio do apartamento me envolver como sempre fazia, aquela imagem ficou presa na minha cabeça.
Ela está grávida.
E pode ser meu ou pode ser apenas uma teoria idiota da minha cabela, pois nós passamos apenas uma noite juntos. Que direito eu tenho de chegar e cobrar alguma explicação sobre sua vida? Ao mesmo tempo que se esse filho for meu, tenho direito em participar da sua criação, estar presente e ao lado dela.
E