Depois da revelação de nossa Lua Suprema, nossa matilha está envolta em um caos. Jacking continua inconsciente. A barreira protetora da matilha foi destruída pela Lua Suprema. Teka-her também está gravemente ferida. Os ataques dos desterrados de Isfet e do alfa Nicolás aumentaram.
Bennu, junto de Merytnert, que assumiu temporariamente o cargo de alfa da matilha, mantém a defesa. Amet busca desesperadamente uma maneira de fazer o Alfa Supremo reagir. A Lua se recusa a falar com todos. Permanece trancada, junto a seus pais, em uma das cavernas medicinais. Descobrimos que podemos fazer Mat assumir o controle do Alfa Supremo. Embora corremos o risco de que Jacking desapareça para sempre, o que seria um enorme perigo para todos. O animal perderia a razão e se tornaria uma besta selvagem. Mas temos que arriscar. Sofremos baixas demais. Devemos trasladar nossas matilhas. — Amet, já decidiu a localização para onde nos trasladaremos? — pergunta Merytnert. — Meryt, tenho várias localizações onde não existem matilhas, mas quero consultar com você — explico imediatamente. — Diga, entre os dois escolheremos a melhor — está impaciente. — Acho que sempre vivemos perto das montanhas nevadas e das florestas. Precisamos de ambos. O Monte Everest, no Nepal, seria minha primeira opção. A parte sul dá para o mar, e a população humana fica bem longe. Eu inspecionei e não habita ninguém — explico seriamente. — Que outras você tem? — pergunta nervosa —. Não me convence, precisamos também de planícies. — Então Pyramiden, na Noruega, será a melhor opção. É uma área que quase não foi pisada por humanos. É muito desolada. É extensa, pois era uma cidade mineradora, mas foi abandonada. Tem uma grande montanha em forma de pirâmide, na qual poderíamos instalar nossa matilha. O que não tem são grandes extensões de vegetação nem muita flora. Continuo explicando que El Labrador, na península do Canadá, seria outra boa opção, embora o clima seja sempre muito frio. Possui grandes extensões de terrenos desabitados, e as populações, tanto humanas quanto de lobos, estão a uma grande distância. Neste momento, seria um bom lugar para esconder a matilha. Também poderíamos fazê-lo nos Alpes, na ilha de Bornéu, na Malásia, ou nos Andes, na América do Sul. — Prefiro algo que nos afaste o suficiente de todo o mundo, de difícil acesso — insistiu ela. — Então El Labrador, no Canadá? — É a mais desolada e afastada de tudo. Ela concorda. Precisamos nos proteger enquanto o Alfa desperta. Não digo nada; deixo que ela continue falando, mas me preocupa uma coisa: — Merytnert, quando você vai visitar a Lua Suprema? — pergunto diretamente. — Não sei, Amet. Não acho que consiga me conter sem atacá-la, por causa do que fez ao meu irmão — ela se deixa cair no sofá. — Meryt, você precisa entender que é um problema do seu irmão com sua Lua — lembro-a. — Eu sei, Amet. Mas isso não dói menos! — vocifera com todas as suas forças. Merytnert não consegue conter mais sua fúria; seu peito se agita como se precisasse de uma saída imediata. A observo ir embora sem dizer nada. Há algo em seu passo apressado, uma mistura de dor e orgulho, que a faz sentir que precisa enfrentá-lo sozinha. — Está bem, quando estiver pronta, me avise — digo a ela, porque consigo ver que não está pronta. — Antoni, como está? Com esta guerra, mal a vi — pergunta para mudar de assunto. Conto que minha linda esposa já domina melhor alguns poderes. Mas, como é o Alfa Supremo quem tem que liberar sua loba. Também digo que ela passa o tempo na clínica, ajudando no que pode. — Fico feliz que ela esteja melhor. Dê um beijo dela de minha parte. Como você acha que devemos trasladar a matilha? Somos muitos! — retoma novamente o assunto da mudança com um suspiro. A noite está caindo e o ambiente está carregado de tensão. Do lado de fora, o uivar dos lobos anuncia que os vigias detectaram algo mais. A sensação de perigo constante começa a nos desgastar. É evidente que nossa posição atual é vulnerável, mas mover toda a matilha tão rápido e com tantas baixas nos deixaria desprotegidos. — Estamos tentando fazer com que Mat assuma o controle, e ele o faça, transformado em Alfa Supremo, com nossa ajuda — explico com um suspiro. A decisão sobre a mudança deve ser concretizada em breve. À medida que os dias passam, a Lua Suprema se fecha cada vez mais em seu mundo, e Jacking continua sem despertar. A matilha está desmoronando em um caos desesperado, e cada ação que tomamos é um passo em direção à sobrevivência ou à destruição. É um grande risco despertar apenas o lobo. — Mas, agora que ele tem sua Lua, ele não precisa dela? — pergunta intrigada. — Não sabemos. Vamos descobrir — respondo, muito a meu pesar. A porta se abre de repente para deixar passar, nesse momento, Horácio e Bennu, que carregam Héctor, muito ferido. Merytnert, ao vê-lo, corre para ele, aterrorizada ao ver seu esposo naquela condição. — O que aconteceu, Horácio? — pergunta Merytnert, enquanto se lembra da dor que começou a sentir há cerca de vinte minutos. Imediatamente, Bennu procede a dar o relato do que aconteceu. Explica que estavam patrulhando a área da antiga matilha Lua Nova e descobriram que o antigo Manuel estava introduzindo desterrados no território da matilha. Começaram a lutar e alguns vampiros o feriram. — Por que não o levaram rapidamente à clínica? — pergunta, enquanto examina seu esposo. — O levamos, mas o doutor Aha nos disse que você precisa curá-lo, com o poder do raio — explicam imediatamente. — Mas eu não sei fazer isso! — diz Merytnert, desesperada. Os olhos de Merytnert se enchem de lágrimas enquanto abraça o corpo de Héctor, que mal consegue se manter consciente. Sua respiração é lenta e pesada, e a palidez de sua pele indica que não há tempo a perder. Meryt o segura em seus braços, enquanto o resto aguarda em silêncio. A pressão sobre ela é palpável, mas a incredulidade invade seu olhar. — Não posso fazer isso... Nunca tentei! — repete, quase em um sussurro quebrado. — Meryt, você não tem opção — intervém Bennu, sua voz firme, mas preocupada. Horácio o apoia com um leve aceno de cabeça. — O doutor Aha sabe o que diz. O poder do raio está em você. Você só precisa confiar que seu instinto fará o restante.