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2. O DESPERTAR DO ALFA SUPREMO

As palavras ressoam em sua mente como um eco, como se fossem uma ordem impossível de cumprir. Merytnert abaixa o olhar para Héctor, e o peso de seu amor exige algo mais forte que o medo: uma decisão.  

— Meryt, acalme-se! Eu vou te dizer o que fazer! — diz Amet, que vai em busca do livro sagrado —. Deite-o na cama. Meryt, você precisa tirar toda a roupa dele, a sua também. Deite-se sobre Héctor. Una os diamantes em suas testas e transmita a energia do raio. Isso fará com que todo o veneno dos vampiros saia.  

— Você tem certeza, Amet? Não sei como fazer isso. Não sei como funciona! E se... e se eu o machucar mais? — exclama entre soluços enquanto passa uma mão trêmula pelo rosto de seu esposo.  

— Sim, Merytnert, estaremos de costas para você, caso aconteça algo! Não tenha medo e faça rápido! — assegura Horácio.  

— Tudo bem — aceita, com uma voz quase inaudível —. Mas se tudo der errado...  

— Não vai dar errado — a interrompe Bennu, confiante —. Acreditamos em você.  

Bennu e Horácio despem Héctor, colocando-o na cama. Eles se viram para não ver a irmã nua. Ela fecha os olhos por um instante, buscando dentro de si aquele vínculo com seu poder. Concentra-se mais, sente um calor em seu peito, e sua energia começa a fluir.  

— Está funcionando! — excla­ma Amet, visivelmente esperançoso.  

Merytnert, tremendo, faz o que Amet disse. Sente-se feliz ao ver que, das feridas de Héctor, começa a sair um líquido verde e que estas estão se fechando. Héctor abre os olhos. Meryt se veste rapidamente.  

Guiada por suas emoções e pelo amor por Héctor, finalmente desencadeia uma corrente generalizada. Todo seu corpo se ilumina com a luz esbranquiçada da eletricidade que se estende pura. Uma faísca atravessa o ar, e sua magia, seu poder, finalmente se conecta com o corpo de Héctor.  

O impacto é imediato: Héctor geme levemente, seu corpo reage, e a cor começa a retornar lentamente ao seu rosto.  

— Você está conseguindo, Merytnert! — gritam todos em uníssono.  

Finalmente, ela para. Exausta, cai de joelhos ao lado de Héctor e o observa, esperando que tudo tenha valido a pena. A sala fica em silêncio por um momento eterno, até que Héctor, com esforço, abre os olhos.  

— Meryt... — sussurra ele com uma voz fraca, mas clara.  

As lágrimas de alívio e alegria brotam de todos, mas especialmente dela. Toda a dor, toda a incerteza e o medo cederam diante do milagre que acaba de acontecer. Héctor está vivo. E Merytnert conseguiu desbloquear um poder que pode mudar o destino de sua matilha.  

— Deu certo, pessoal, deu certo! — exclama emocionada.  

— Por possuírem o poder que vocês dois têm, podem se curar assim, um ao outro. Mas somente entre vocês — explica Amet, ainda com o livro sagrado em suas mãos.  

— Ainda temos muito a aprender sobre nossos poderes! Ru continua dormindo, e a guerra não me dá tempo livre! — exclama ela, deixando-se cair ao lado de seu esposo.  

— Não se preocupe, Meryt. Temos você! — dizem o Beta, o Delta e o Celta ao mesmo tempo.  

— Obrigada, pessoal! — e imediatamente pergunta —. O que aconteceu com os desterrados?  

— Eliminamos todos! — diz Bennu de imediato.  

O eco da risada nervosa de Merytnert se mistura com a de todos, compartilhando a mesma alegria e alívio. Héctor, ainda fraco, tenta sorrir para sua esposa enquanto acena com a cabeça, agradecido pelo esforço conjunto.  

— Bem, Meryt, agora vamos ver se conseguimos fazer Mat assumir o controle — diz Amet, esperançoso ao ver o poder da princesa.  

— Héctor querido, fique aqui descansando — pede ela, beijando suavemente seus lábios —. Quando eu terminar, venho buscar você.  

Todos se dirigem às cavernas medicinais. Jacking está na central, junto à fonte da vida. Ele está submerso em água borbulhante. Meryt o beija na testa, com os olhos cheios de lágrimas.  

— Não é justo, acabei de encontrar meu irmão depois de centenas de anos, e sua Lua me o arranca! — exclama tristemente, sem parar de acariciar a cabeça de seu querido e único irmão, o Alfa Supremo.  

— Calma, ele vai se recuperar, você vai ver! — assegura o Beta Amet.  

A intensidade nos olhos de Meryt, cheia de amor e desesperança, contrasta com o suave brilho da fonte que envolve o corpo de Jacking. A luz tremulante da água borbulhante parece dançar ao redor dele, como se tentasse oferecer algum consolo ou prometer uma recuperação que todos desejam fervorosamente.  

— O que fazemos agora? — pergunta Merytnert, imaginando que eles devem fazer uma grande cerimônia.  

— Vamos chamar Mat com nossos lobos — diz simplesmente Amet, para incredulidade de Merytnert, que não sabe se ele está falando sério, por isso o Beta continua explicando —. Meryt, quando éramos crianças fizemos uma promessa. Você não deve se lembrar porque era muito pequena. Mas foi uma promessa selada com nosso sangue.  

— Não me lembro disso! — nega ela, assombrada —. O que diz essa promessa que você acha que pode despertá-lo?  

Ela o observa com os olhos marejados e aguarda. O amor por seu irmão pesa mais que o medo de falhar; sabe que não pode se dar ao luxo de duvidar. Ela se ajoelha diante da piscina onde repousa seu irmão; olha para ele com a dor de vê-lo daquela maneira.  

— Nessa promessa, juramos que sempre que algum de nossos lobos fosse chamado por todos nós juntos, deveria aparecer — continua explicando o Beta —. Mat está em depressão, por isso não aparece. Mas não acredito que ele deixe de cumprir seu juramento.  

— Tomara que dê certo! — exclama, esperançosa —. O que devemos fazer?  

— Nos transformar em lobos, rodear Jacking e uivar chamando-o. Todos os lobos da matilha nos ouvirão e farão o mesmo. Mat não pode se recusar a aparecer. Ele é o Alfa Supremo de todos os lobos — termina de dizer Amet, transformando-se em seu lobo Ammyt.  

Meryt respira profundamente, permitindo que a magia flua através dela. Concentra-se no poder que reside dentro dela e se transforma em sua loba. Os outros também se transformam.  

— E se era tão fácil, por que não fizemos isso antes? — pergunta, ainda duvidosa, Merytnert.  

— Porque estávamos esperando a lua cheia — responde Amet —. Também tínhamos a esperança de que o Alfa despertasse sozinho. Preparados?  

— Prontos!  

A noite é fria, é noite de lua cheia. A neve cobre tudo com seu manto branco. Os gemidos de alguns feridos quebram o silêncio. Não há risos, não há cantos, apenas silêncio. Um coro de quatro uivos potentes se eleva na noite, quando a mãe Yat está bem no alto do céu. Mas não é um uivo qualquer.  

É um chamado ao seu Alfa Supremo!  

Todos os lobos saem de seus refúgios e se sentam, levantando suas cabeças em direção à lua, emitindo o uivo de chamada.  

Cada vez mais vozes se juntam ao coro. É um uivo longo e lamentoso. Um uivo de auxílio!  

Quando começa a diminuir, ante a falta de resposta de seu líder,  

Um uivo feroz faz tremer a terra!  

O Alfa Supremo despertou!

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