Foram dois dias sem dormir. Unirian andava pela casa como um espectro — olhos vermelhos, mas secos. A ausência de Dante era um eco constante em cada parede. Cada camisa que ainda exalava seu cheiro. Cada canto onde ele estivera.
 Mas ela se recusava a aceitar. Algo dentro dela gritava: ele não se foi.
 Até que, numa manhã nublada, a campainha tocou. Dois homens da polícia estavam à porta, e traziam consigo o peso de uma verdade amarga.
 — Senhora Marchesi —um dos oficiais disse, com voz baixa. — Encontramos um corpo. Não está em boas condições, mas... alguns itens estavam com ele. Precisamos que a senhora o reconheça.
 Petrov e Ricci se colocaram imediatamente ao lado dela.
 — Ela não precisa passar por isso.— Ricci disse, firme.
 — Mas eu quero.— Unirian respondeu, sua voz firme, mesmo que sua alma tremesse.
 O ambiente era gélido. Não apenas pelo frio dos azulejos, mas pelo peso da morte que impregnava o lugar. O lençol branco foi puxado.
 O rosto... era quase irreconhecível. As qu