O clima na mansão Marchesi, situada agora nas frias terras russas, parecia congelar ainda mais com a chegada inesperada de Dmitri Romanov, o temido herdeiro da família rival, trajado com seu típico sobretudo escuro e um sorriso cortante como lâmina.Os portões não se abriram com gentileza. Ricci e Petrov estavam postados à frente como muralhas vivas, os rostos frios e preparados para barrar a entrada.— Você perdeu o caminho, Romanov?— Petrov falou, seco, com a mão pousada sobre a arma no coldre.— Apenas uma visita cortês,— respondeu Dmitri, com um tom debochado. — Queria oferecer meus pêsames à jovem viúva... pessoalmente.Antes que eles negassem de novo, Unirian surgiu atrás deles, vestida com um casaco longo de lã negra, os cabelos soltos e o olhar gélido.— Deixem-no entrar.— sua voz saiu firme, sem hesitação.Ricci e Petrov hesitaram por um segundo, mas recuaram com relutância. Sokolov, que observava de um canto mais sombrio, ergueu o queixo, atento ao movimento.No grande salão
Maravilhoso! Vamos mergulhar nesse momento cheio de ternura, companheirismo e esperança, com a sombra persistente da obsessão de Dmitri crescendo ao fundo.O sol da manhã atravessava os grandes vitrais da sala principal da mansão, projetando desenhos de luz sobre os tapetes persas e os móveis escuros. O riso de Villano preencheu o espaço, interrompendo a conversa leve entre Sokolov, Morozov, Ricci e Petrov.Unirian estava sentada no sofá com uma xícara de chá, vestindo um robe azul claro e com o cabelo preso de maneira simples, mas graciosa. Seus olhos sempre atentos ao filho, mesmo em meio a tantas vozes.— Ele está ficando mais esperto que o pai.— brincou Sokolov, tomando um gole de vodca logo após o café da manhã, como todo bom russo. — Mais rápido também.Petrov riu baixo.— Mais fofo, com certeza. — respondeu, mas manteve os olhos discretamente vasculhando o entorno. Como sempre.Foi quando Morozov arregalou os olhos e apontou:— Ei… ele está…Todos os olhares se voltaram e viram
Por um breve momento, seus olhos estremeceram. Uma dor aguda, estranha, atravessou seu peito — como se o coração gritasse por algo que o cérebro não reconhecia. Ele levou a mão ao lado esquerdo do peito, sem entender. Respirou fundo, sentindo um peso. Um vazio desconfortável. — Eu... não sei por que, mas... isso... tudo isso me causa uma sensação ruim. Como se... faltasse algo. Unirian chorava em silêncio agora. O rosto vermelho, os olhos marejados. — Faltam pedaços de você. E eles estão comigo. Dmitri assistia de longe, tenso, com um leve sorriso de canto. Aquela dor no peito de Dante era o efeito da memória esquecida — ou, talvez, da verdade tentando encontrar o caminho de volta. Petrov entregou Villano a Ricci e caminhou até Unirian, apoiando a mão no ombro dela, a protegendo. Ricci murmurou ao filho: — Ele vai lembrar, pequeno. Ele só precisa de tempo... ou do cheiro certo. Unirian se virou de costas, sem forças. Dante ficou parado, olhando a família que não cons
— Mostrar quem realmente sou. Não só para o Dante… mas para quem pensa que pode nos arrancar o que construímos. Eu vou tocar naquela festa. E se Caterine estiver certa de que ele é dela… eu vou fazer ele lembrar, nota por nota, quem ele era. Quem nós somos.Ricci franziu a testa.— Você vai transformar o palco em uma arma.— Sim.— ela respondeu sem hesitar, olhando para o filho em seus braços. — Eles se esqueceram… de que fui eu quem o salvou, muito antes de me tornar esposa dele. Fui eu quem fez o coração dele voltar a bater. E vou fazer isso de novo, nem que precise atravessar o inferno.Petrov assentiu com respeito. Pela primeira vez, ele viu em Unirian não só a esposa de Dante, mas uma verdadeira força do clã.— Então vamos armar tudo. A próxima apresentação será inesquecível… E se Caterine acha que venceu, vai desejar nunca ter tocado nesse jogo.No casamento de Dante e Caterine, Unirian, usou um vestido provocante com fenda que revelou a arma que estava em sua cocha. Era apenas
Após o tumultuado evento no altar, Dante, tomado por uma mistura de raiva e confusão, decide confrontar Unirian. Ele a encontra e, sem dar espaço para explicações, exige que ela o acompanhe até a mansão onde vive com seu avô. — Como você pode fazer uma coisa dessas? — perguntou Unirian triste. — Não… não quero ouvir a tua voz— Dante não estava. Disposto a ouvir, pois de alguma forma a voz dela mexia com ele, de uma forma estranha que nem mesmo ele conseguia explicar. Ricci e Petrov, preocupados com a segurança de Unirian e do bebê, decidem acompanhá-los.Ao chegarem à imponente mansão, Dante conduz Unirian até um dos quartos e, sem dizer uma palavra, tranca a porta. Unirian, surpresa e indignada, bate na porta, exigindo explicações. Do outro lado, Dante responde com voz firme:— Você ultrapassou todos os limites. Agora, vamos resolver isso do meu jeito.Ricci e Petrov, do lado de fora, trocam olhares apreensivos, conscientes de que a situação está longe de ser resolvida.Unirian ba
Dante observava Unirian de longe, sentado no jardim com Caterine ao seu lado. Ela ria alto, exageradamente, e ele fingia se entreter. Suas mãos repousavam próximas demais à dela. Era óbvio. Ele queria provocar uma reação.Mas Unirian, sentada à sombra com Villano no colo, manteve o olhar calmo. Ela acariciava os cabelos do filho, fingindo não notar nada. Por dentro, seu peito queimava — a dor latejava como uma ferida antiga aberta novamente.Ela se levantou com elegância, sem dizer uma única palavra, e voltou para o quarto. Nem olhou para trás.Com o menino já dormindo nos braços, Unirian depositou-o suavemente no berço. Foi até a cômoda, onde repousavam os papéis do divórcio. Ainda ali, como uma sentença não cumprida.Ela sentou-se na poltrona e pegou os documentos. Seus olhos escorriam pelas linhas como quem lê o fim de uma história que nunca quis terminar. Ela pensou em assinar. Só para libertá-lo. E se libertar também.Mas antes que pudesse decidir, a porta se abriu com um cliqu
— Disseram muitas coisas.— ele olhou brevemente para Villano e Unirian. — Algumas que eu não consigo lembrar.Vasiliev trocou um olhar tenso com Sokolov. O choque em seus rostos era evidente.Sokolov olhou para Unirian, que se levantava devagar com o bebê no colo, o olhar calmo, mas firme.— Dante... você não reconhece seu próprio filho?O mafioso cruzou os braços.— Dizem que ele é meu. Dizem que ela é minha esposa. Mas essas memórias não estão em mim.— ele apontou para a cabeça. — A mente pode mentir. O corpo... não reage a nada disso.Unirian segurou Villano mais perto.— Mas seu coração, sim.— ela respondeu, tranquila, sem levantar a voz. — Você está tentando fugir de algo que não entende. Mas a ausência te persegue. E isso é amor.Dante desviou o olhar, como se aquilo fosse um golpe que ele não esperava.Sokolov, ainda perplexo, caminhou até ele, pousando uma mão em seu ombro.— Você pode não lembrar... mas se essa mulher moveu céus e infernos para te encontrar, e se esse garoto
Os primeiros raios da manhã mal entravam pelas janelas quando Unirian acordou. Espreguiçou-se devagar, ainda sonolenta... até sentir um arrepio na pele.Seus olhos se abriram lentamente — e ali estava ele.Dante, sentado na poltrona ao lado da cama, com os papéis do divórcio nas mãos. O rosto impassível, mas os olhos carregados de algo entre mágoa e fúria silenciosa.— Dormiu bem?— pergunta com voz baixa, carregada de tensão.Unirian senta-se devagar na cama, surpresa e um pouco desconcertada.— O que você está fazendo aqui?— Eu devia perguntar o mesmo— ele levanta os papéis — Assinando isso… era esse o plano? Ir embora?Ela engole em seco, sente o peso da acusação no olhar dele.— Você não se lembra de mim, Dante. E esses papéis… foram deixados por seu avô. Eu nem...— Mas você pensou em assinar.— interrompe, se levantando. — Você pensou em desistir. Por quê?O silêncio pesa.— Por que está magoado? Você tem Caterine agora… você me expulsou da sua vida, da sua memória…— E o Romanov