Angel
O sábado chegou com o céu nublado, como se até o tempo lá fora estivesse refletindo o que eu sentia por dentro. Eu estava sentada à mesa com Leonardo, tentando fazer o almoço parecer uma refeição qualquer. Mas como poderia ser?
A casa estava mais vazia do que nunca. Iolanda havia saído cedo, dizendo que tinha coisas a resolver. Do jeito dela, claro, sem detalhes, sem espaço para perguntas. Sem Iolanda, o clima deveria ser mais leve, mas a ausência dela só deixava mais espaço para o peso da conversa que pairou sobre nós desde o primeiro garfo.
Leonardo empurrou o vinho no copo, os olhos perdidos no líquido rubro como se buscasse respostas ali.
— Ele não me deu uma única abertura, Angel, — ele disse, a voz cansada. — Nem no escritório, nem na clínica. O Lucas que eu conheci não estava lá. Era como se ele tivesse colocado uma barreira entre nós.
Meu coração apertou. Era difícil ver Leonardo assim, reduzido a um homem ferido pelo próprio filho. E pensar que eu também tenho a minha p