Angel
O salão explodiu em murmúrios, aplausos, sorrisos falsos, surpresa forçada. Lucas caminhou até ela, a expressão contida, o rosto sem emoção.
Mas eu vi. Por trás da máscara perfeita, os olhos dele estavam tensos. Ele não queria aquilo. Não daquele jeito. Mas ele deixou acontecer. Deixou que ela o exibisse como um troféu, o filho perdido, o neto redescoberto.
Eu estava no mesmo salão. Mas, ao mesmo tempo, tão longe, que era como se nunca tivesse pertencido àquele palco. Como se tudo o que eu fui, nunca tivesse passado de um detalhe esquecível.
O peso das palavras dela caiu sobre mim como uma sentença. O legítimo herdeiro. O verdadeiro Figueiredo. E, por consequência, o lembrete público de que eu… não era.
Aplaudi por instinto. Por não saber o que mais fazer. Por querer esconder o nó que subia na garganta, enquanto dentro de mim eu tive a certeza de que aquela noite não marcava só o futuro da empresa. Era o marco da minha exclusão definitiva daquele mundo.
E, pior do que tudo,