Observei-o, surpresa pela intervenção. E então, por um breve segundo, vi algo passar por seus olhos. Algo cru. Afiado. Como uma lâmina deslizando sob controle absoluto. Havia ali uma agressividade contida, algo que beirava o violento — e ainda assim, ninguém mais parecia notar.
Ele continuava com o mesmo tom calmo, a mesma serenidade estudada. Mas eu senti.
Senti como se tivesse presenciado um movimento de fera enjaulada: silencioso, elegante… mas letal.
Meu pai olhou para Andrei, claramente surpreso, e a tensão imediatamente aumentou. Andrei não disse nada que fosse realmente ofensivo, mas a maneira como disse, o ritmo das palavras, fez com que algo dentro de mim tremesse. Ele não estava apenas defendendo minha dedicação — estava mostrando algo mais, uma linha tênue entre respeitar minha escolha e questionar a autoridade que meu pai representava. Algo no tom de sua voz, o modo como ele falou, fez com que meu pai parecesse desprotegido, vulnerável.
A madre tentou aliviar o momento