Caminhamos por longos minutos — talvez horas. Ou talvez fosse meu pânico que dilatava o tempo.
A floresta parecia viva. Os galhos se estendiam como mãos retorcidas. A cada ruído, eu achava que alguém nos seguia. A cada sopro de vento, meu corpo encolhia mais.
— Eles vão me procurar — murmurei, como se isso tivesse algum poder. — Devem ter descoberto que eu sumi. Que o arcebispo… — travei, sentindo o enjoo subir até a boca.
Ele não disse nada.
— Vão perceber que você não era um padre. Vão ligar os pontos. Vão atrás de você.
Ele mostrou os dentes como um cão raivoso, tentando avançar, e então soltou uma risada baixa. Grave. E, de alguma forma, suja.
— Minha querida… — ele virou o rosto devagar, com aquele olhar cruel brincando nos olhos cinzentos. — O que faz você pensar que vão achar que somente eu sou o vilão nessa história?
Fiquei paralisada.
— O quê?
— O que você acha que vão pensar quando virem você desaparecida? Justamente a irmã mais próxima do arcebispo… Uma jovem freir