Os ombros pareciam menores. Curvados. Como se o corpo inteiro dela tivesse diminuído diante de alguma dor que eu ainda não conseguia nomear.
— Mãe. — A palavra escapou de mim como um sopro.
Ela se virou. As mãos ainda molhadas, os olhos fundos. Havia olheiras profundas sob as pálpebras, o rosto pálido, envelhecido em meses. Mas mesmo abatida, havia algo de imenso no olhar dela. Algo que explodiu ao me ver.
— Laura? — Havia um desespero eminente na sua voz.
Ela largou o pano de prato. As mãos foram à boca, como se tentassem conter o grito que veio logo depois.
— Laura! — ela gritou com urgência e correu até mim. O impacto do corpo dela foi desesperado. Quente. Trêmulo. Ela me envolveu com tanta força que eu senti como se ela estivesse tentando me proteger do próprio tempo. Os soluços vieram quase imediatamente. E os meus também.
— Você tá viva, meu Deus… você tá aqui…
Ela me beijava o rosto, as mãos. Me apertava contra o peito, como se não fosse soltar nunca mais.
— Mãe… —