O estalo da lenha queimando era a única coisa que quebrava o silêncio. Eu ainda estava ali, nua contra o tapete macio da biblioteca, sentindo o calor da lareira acariciar minha pele já marcada pelos toques dele. O corpo inteiro ainda vibrava. Ainda pulsava. Mas por dentro… por dentro era um furacão estranho. Como se meu coração não soubesse se devia repousar ou correr. Alexey estava deitado ao meu lado, com os olhos semicerrados e uma mão repousando preguiçosamente sobre meu quadril. Era uma imagem quase serena, quase segura. E ainda assim, eu sentia a tensão de algo que eu não sabia nomear. Encostei minha cabeça no ombro dele e fiquei ali, respirando devagar, tentando gravar aquele momento no corpo. Uma parte de mim queria parar o tempo, congelar aquela paz recém-nascida, mesmo sabendo que ela era feita de areia fina escorrendo por entre meus dedos.

“Eu te amo”, pensei. Com força. Com medo. Com uma urgência muda. Mas guardei para mim. Dizer seria tornar real. E eu não estava pronta