A consciência voltou aos poucos. Primeiro, o cheiro: desinfetante barato, mofado, metálico. Depois, o frio do chão tocando a pele dos meus braços. Tentava me mexer, mas algo apertava meus pulsos. Plástico. Abraçadeiras.
Argh.
Quando tentei levantar a cabeça, a nuca latejou. Tudo girava. Engoli seco e só então percebi a mordaça.
Porra.
O que aconteceu?
A última coisa que lembrava era o Jake na minha sala. Sorriso gentil, aquele tom falso de quem quer parecer inofensivo. Ele entrou com aquela desculpa estúpida de "querer saber como eu estava". E eu, idiota, deixei. Sozinha. Sem as meninas. Frágil demais depois da última crise pra notar que alguma coisa ali não batia.
A pergunta que tinha martelado minha cabeça — como ele sabia onde eu morava — agora tinha uma resposta óbvia. Ele sabia tudo. Sempre soube. Estava esperando a oportunidade certa.
E eu dei a ele.
As mãos formigavam presas nas costas. Meu corpo começava a doer. Tentei me mover outra vez, e dessa vez ouvi o arrastar do que par