Antonella
O dia amanhece atrás da janela do quarto do hospital. Estou deitada de lado, com a cabeça no peito do Alonzo, ouvindo o coração dele bater.
Passo a ponta dos dedos pelo braço dele, devagar. Parte de mim quer ficar ali para sempre. A outra lembra da vida lá fora: reuniões, contratos, funcionários, duas empresas e três crianças que perguntam pelo pai o tempo todo.
Engulo a vontade de chorar e sussurro:
— Eu devia ir embora. Tenho as empresas para cuidar.
Começo a me erguer com cuidado para não acordá-lo. Quando deslizo a mão da dele, sinto os dedos de Alonzo fecharem em torno dos meus com força. Olho pra baixo. Os olhos dele estão abertos, fixos em mim, ainda pesados de sono, mas intensos.
— Fica — ele pede, a voz rouca.
Suspiro, presa entre a vontade de correr e a necessidade de ficar.
— Por quê? Quero ouvir o motivo na sua voz.
Ele se ajeita no travesseiro sem soltar minha mão.
— Porque eu te amo até no que vem depois do fim.
O peito aperta. Me inclino de novo, sentando na b