Antonella
Na madrugada, o quarto de hospital parecia fora do mundo. A luz era fraca, vindo só da fresta da porta e do visor dos aparelhos. O barulho do monitor cardíaco marcava um ritmo que eu já tinha decorado. Cada bip era um lembrete de que, por pouco, eu poderia ter perdido Alonzo para sempre.
Eu estava na poltrona ao lado da cama, com as pernas encolhidas e uma manta sobre o corpo. Não tinha coragem de ir embora. Tinha medo de piscar e, quando abrisse os olhos, ele não estar mais ali.
Alonzo, deitado, me observava. Parecia mais desperto do que antes, os olhos fixos em mim como se precisassem se certificar de que eu era real.
— Você devia descansar — falei, mexendo distraída na borda da manta.
— E você devia parar de me pedir pra descansar — ele retrucou, a voz rouca, mas firme. — Eu quero olhar pro amor da minha vida e ter certeza de que não estou sonhando.
Meu coração falhou um segundo. Ainda não tinha me acostumado a ouvir ele falar assim de novo, tão direto.
— Alonzo…
— Não te