Antonella
A vida finalmente se reorganizou. Não em perfeição, mas em felicidade. Os dias começaram a ficar mais leves depois da prisão de James. Eu ainda acordava assustada às vezes, com a sensação do cativeiro grudada na pele, mas bastava olhar para o lado e ver Alonzo dormindo agarrado em mim, uma mão na minha barriga, que eu lembrava: acabou. Ele estava preso. Longe de mim. Longe da minha família.
Em contrapartida, Letícia saiu do país graças ao acordo, sem cumprir pena. Quando Alonzo me contou, eu senti um gosto amargo na boca. Parecia injusto. Parecia errado.
Naquela noite, eu estava sentada na cama, alisando a barriga, quando Alonzo se aproximou com duas canecas de chocolate quente.
— Está com essa cara desde que te contei sobre Letícia — ele comentou, sentando ao meu lado. — Fala comigo, coelhinha.
Eu respirei fundo.
— Não vou dizer que perdoo… mas se não fosse ela, talvez eu não tivesse sido encontrada. Não é perdão. É aceitação.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, me