Thorne
O som da televisão é torturante. Cada repetição das filmagens da minha transformação involuntária parece cavar mais fundo dentro de mim, como se quisesse arrancar um pedaço da minha sanidade a cada novo replay.
Já faz horas que o canal de notícias insiste em repassar as cenas do corredor, do baile, do sangue. A imagem do meu corpo se distorcendo contra a minha vontade, o rugido que não sou eu, os olhos que não reconheço.
A TV não me deixa esquecer. O gosto de sangue ainda está presente em minha boca, metálico e espesso, como se tivesse impregnado minha língua, meus dentes, a minha garganta. Minha pele também parece ainda suja, marcada, mesmo que já tenha se passado dias desde o baile. É como se o sangue tivesse entrado pelos meus poros e agora fizesse parte de mim.
Darius é meu primo.
Darius é o líder por detrás dos rebeldes.
Darius conseguiu dar um golpe de estado sem que ninguém sequer suspeitasse.
Darius conseguiu me subjugar, me transformar e me controlar transformado.
Cada