Obsessão Abissal

Obsessão Abissal PT

Fantasia
Última atualização: 2025-03-30
Sofia Rivera   Em andamento
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Índice

Tessar Vrynn é um pirata arrogante e cruel, de poucas palavras. Seu lema é: "Governe o mar e governe o mundo." Durante o saque a uma vila, sem sequer saber o nome do lugar, Tessar salvou a vida de uma garota que aparentava ter 16 ou 17 anos. Ela lhe disse que, a partir daquele momento, sua vida pertencia a ele, pois não sabia nadar e havia se lançado ao mar para morrer. Tessar se apaixonou por ela na primeira vez que a viu. Como prova desse momento, tatuou a data em que se conheceram em sua costela e jurou que voltaria para buscá-la em dez anos. E ele realmente voltou — no dia mais oportuno possível: quando ela estava prestes a ser sacrificada ao Deus do Mar, acusada de bruxaria. Sem hesitar, Tessar a salvou, sem imaginar que ela era filha de Seraphine D’Abyss, a própria Deusa do Mar. Seraphine nunca sentiu nada por sua filha, mas quando se trata de destruir os homens humanos, ela não mede esforços. E agora, usará a própria filha para acabar com Tessar, que ousou se intitular o Rei dos Sete Mares.

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Capítulo 1

capítulo 1: um passado inesquecível

Oi, meus amores! O livro Obssessão Abissal foi editado para aprofundar mais a história. Espero que vocês gostem! Votem bastante e sigam a escritora. Beijos.

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Liora nix

Eu sempre me perguntei como Baltazar havia se sentido quando a onda o arrastou para o fundo do mar. Perguntei-me se ele havia sofrido em seus últimos momentos ou se finalmente conseguiu encontrar a liberdade que tanto desejava.

Agora, enquanto sinto o abraço do mar, creio que só na hora da morte ele foi livre.

A água salgada invadiu minha garganta. Meus pulmões imploravam por ar. Meus olhos arderam como se alguém os estivesse esfregando com vidro moído. Mas eu sorri. Sorri porque doía menos do que no convento. Porque, pelo menos, eu sabia que o mar não me batia por prazer.

Eu estava afundando, os braços abertos, minha roupa se enchendo de água e me arrastando para o fundo.

A dor me trouxe as lembranças que eu queria esquecer. Lembrei-me do convento, de tudo que vivi lá, de tudo que provavelmente não teria acontecido se eu não tivesse saído escondida para brincar com Baltazar.

Não me lembro do dia em que cheguei ao convento.

A primeira memória que tenho é o cheiro de pão queimado e o som das irmãs rezando. Madre Lourdes dizia que me encontraram na porta em uma noite de tempestade, enrolada em um manto encharcado.

— Presente dos deuses — ela murmurava, acariciando meus cabelos pretos enquanto eu adormecia.

As irmãs eram boas comigo. Eu era feliz e tinha um amigo muito especial.

Eu tinha oito anos quando conheci Baltazar. Ele vinha aos domingos com seus pais — o açougueiro e sua esposa silenciosa. Baltazar era cego e, por isso, era privado de muitas coisas, até mesmo de ir ao banheiro sozinho. Não porque ele não conseguisse, mas porque sua família era superprotetora.

Seu pai era um homem sádico. Emprestava dinheiro a juros altos e, quando não recebia, usava as filhas de seus devedores como pagamento — meses ou até anos trabalhando para ele para quitar a dívida. Isso quando não arrancava membros, como mãos ou dedos, dos infelizes.

A mãe era uma coitada. Era estuprada e espancada sempre que o pai estava estressado. Ouvi uma vez as freiras comentando que ela fazia votos a Deus para nunca ser mãe de um filho dele, pois a criança sofreria demais. E, se quando crescesse fosse como ele, então o mundo seria ainda pior.

Ela teve vários abortos antes de Baltazar nascer. Quando ele finalmente veio ao mundo, o açougueiro fez uma festa que durou três dias.

Baltazar não conseguia enxergar, mas via mais do que todos nós.

— O mar está bravo hoje — ele disse uma vez, virando o rosto para a janela, embora não pudesse enxergar. — Dá para ouvir ele rangendo os dentes lá longe.

Eu ri.

— O mar não tem dentes, seu bobo.

Ele sorriu, sério.

— Tem, sim. E está com fome.

Três semanas depois, escondi-me na carroça deles. Queria mostrar a Baltazar as conchas que as irmãs me proibiam de pegar. O mar rugiu quando nos aproximamos, e ele sorriu, como se reconhecesse o som.

Foi a última coisa que vi antes de ele escorregar na pedra molhada.

A água o engoliu rápido demais.

E então... algo me chamou.

Não foi um som. Foi uma pressão dentro do peito, como se um cordão invisível puxasse meus ossos em direção às ondas.

A última coisa que ouvi foi a Irmã Imelda gritando meu nome.

Quando voltei, o convento estava em silêncio.

O açougueiro chorava, segurando o corpo sem vida de Baltazar contra seu avental ensanguentado. Seus lábios roxos ainda respingavam água salgada. Ele estava pálido, seus cabelos grudavam no rosto, e lhe faltava um sapato. Essa cena nunca sairia da minha cabeça.

Nunca tinha visto um homem tão grande fazer um som tão pequeno, soluçando como se seus pulmões estivessem se rasgando.

— Foi ela — ele rosnou, levantando o rosto inchado na minha direção. Seu dedo sujo de sangue apontou para mim, uma criança de oito anos encolhida atrás da saia da Madre Lourdes. — Ela enfeitiçou meu filho! Levou-o para o mar para matá-lo!

A Irmã Imelda tentou intervir, mas o padre já puxava meu braço.

— Examine a criança, reverendo — disse Madre Lourdes, firme, mas com as mãos tremendo. — Não há mal aqui, apenas uma tragédia.

O padre ergueu meu queixo. Seus dedos eram frios como os peixes mortos que Baltazar e eu costumávamos contar aos domingos, quando ele vinha com o pai. Seu hálito cheirava a vinho azedo.

Embora não tivesse culpa, sempre me culpei pela morte de Baltazar.

Ele quis conhecer o mar. Mas quem já sabe o caminho não pode esperar que quem não sabe ande por ele sem tropeçar. E eu sabia. Sempre soube que o mar não perdoa. Ele é impiedoso.

Eu devia ter dito "não" quando ele me implorou para levá-lo. Mas Baltazar era meu amigo, quase meu irmão mais velho. Eu gostava dele, e ele de mim. Nós juramos nos proteger, mas, no fim, eu o coloquei em perigo.

Naquela semana, o açougueiro vendeu sua carne a preço de ouro.

Eu sabia porque as cozinheiras cochichavam quando eu passava, esfregando o chão de joelhos. O açougueiro era irmão do intendente da Marinha do Sul. Um homem tão ruim quanto ele. E, pela manhã, eu entenderia que algumas pessoas trocam honra por valor.

Foi isso que o padre Honório fez. Ele vendeu a madre e as irmãs que cuidavam de mim, como se fossem gado, para o açougueiro.

Ele comprou o padre e o juiz para que não houvesse julgamento. E ele mesmo trouxe a corda para enforcar minhas amigas.

O sol se escondeu da barbárie. O cheiro de charuto fazia meu nariz arder e meus olhos se encherem d’água.

— Quero que sintam — o açougueiro disse para a multidão, ajustando o laço ao redor do pescoço da Irmã Ana, a mais velha. — Como meu filho sentiu.

Madre Lourdes foi a última. Ela não chorou. Apenas me olhou, os lábios formando palavras silenciosas enquanto o açougueiro ajustava o nó:

"Não olhe, Liora. Não dê a ele esse prazer."

Mas eu olhei.

Olhei quando o cavalo empinou e arrastou as cinco mulheres pelo chão de pedras. Olhei quando a Irmã Imelda, a mais jovem, tentou se levantar, os dedos arranhando a corda ensanguentada. Olhei quando os vestidos delas se encharcaram de urina e fezes, quando os pescoços esticaram como massa de pão, quando os olhos da Irmã Paula saltaram para fora das órbitas.

O açougueiro chorou de novo, mas agora era diferente — lágrimas de raiva, quentes e salgadas, escorrendo por seu rosto marcado de gordura.

— Viu, Baltazar? — ele gritou para o céu vazio. — Papai fez justiça por você.

E então ele me viu.

— Você... demônio... maldita!

Os gritos dele não me assustavam mais. A cena das irmãs morrendo ainda se repetia na minha mente.

Ele agarrou meu pescoço, seus dedos apertando forte, impedindo-me de respirar.

Ninguém fez nada. Nenhuma alma sequer tentou impedi-lo.

Meu corpo ficou mais leve, mesmo enquanto eu me debatia. Ele era maior que eu. Eu não podia fazer nada.

Ele só soltou quando me viu desmaiar.

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capítulo 1: um passado inesquecível
CAPÍTULO 2: PENITÊNCIA
CAPÍTULO 3: A FUGA
CAPÍTULO 4: O Pulo para a morte
CAPÍTULO 5: O Capitão Vrynn
CAPÍTULO 6: Vingança
CAPÍTULO 7: A todo pano para a ilha dos prazeres
Capítulo 8: Uma noite agitada
CAPÍTULO 9: Lembrança
CAPÍTULO 10: TRAIÇÃO
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