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CAPÍTULO 6: Vingança

Eu tinha assuntos a resolver, e qualquer um que tentasse me atrapalhar morreria.

— Aqui é um lugar santo! Um demônio como você mo...

— Com essa cara de quem chupou limão, você quer me dizer que pareço um demônio, velha? — interrompi, erguendo-a pelo pescoço. Ela se contorceu, buscando ar. — Leve-me até Otávio Sepol e talvez eu não mate todas vocês.

Seus olhos arregalaram, e ela sacudiu a cabeça freneticamente. Quando se soltou, seguiu de cabeça baixa pelo convento até uma porta pequena.

— Lá embaixo. O porão. Ele está lá.

Observei seu rosto. Não havia sinal de mentira.

— Madre... posso chamá-la assim?

— Sim... — ela assentiu, a voz quase um sussurro.

— A garota morena, de cabelos cacheados e olhos verdes. O que aconteceu com ela depois que eu a deixei aqui?

Ela ficou tensa, a voz vacilando.

— Ela... ela morreu há alguns dias.

Mentira.

— Tudo bem, madre. Me trouxe até Otávio, então deixarei você ir. Mas eu sei que mente. Não faça isso outra vez. — Segurei seus cabelos, forçando-a a me encarar. — Eu detesto mentiras. E sabe o que faço com mentirosos, não é?

Assim que soltei, ela correu para o portão. Eu desci as escadas. Sem pressa.

O porão do convento era escuro, úmido, e fedia a vinho e sexo. Empurrei uma porta com o pé, e o som ecoou pelo ambiente. Algo se mexeu na penumbra.

Caminhei até outra porta e chutei com mais força.

Otávio se encolheu quando a madeira se abriu com um estrondo.

— Vrynn... — Ele engoliu seco. — Eu só cumpria ordens!

Puxei a faca que meu irmão me deu. A lâmina tilintou contra o coldre.

— Sim. E agora eu faço as minhas.

Seus gritos duraram até o amanhecer.

Quando terminei, não restava nada que pudesse ser chamado de corpo. Joguei o que sobrou no barril de aguardente que ele tanto amava. Cada súplica, cada grito, só me dava mais vontade de ouvir outro.

Quando o silêncio finalmente tomou conta do porão, virei o barril.

Subi as escadas, acendi um charuto e, de lá de cima, joguei um fósforo.

Assisti tudo queimar.

— Eu cumpri a promessa, irmão. Descanse em paz.

Mas, apesar do alívio, eu só me sentia... vazio.

No Arraia Negra

Voltei ao convés do Arraia Negra, gritando ordens para zarpar. Ainda me sentia vazio, mas não ficaria me lamentando. Ninguém é obrigado a ouvir minhas lamúrias. Se eu não posso resolver, não vou perder tempo remoendo.

O burburinho na tripulação chamou minha atenção. Meus homens não fazem burburinho. Se algo está errado, eles dizem e eu resolvo.

— O que as meninas estão cochichando? — perguntei a Dario e Garrick, meu primeiro e segundo imediato.

— A pilhagem da ilha Tallinn não quer comer. — Dario disse, o olhar fixo no camarote.

— Bjorn já costurou o ferimento dela?

Garrick riu baixo, balançando a cabeça.

— Ela disse que não está ferida.

Franzi a testa. Eu vi o ferimento. Vi a adaga cravada nela.

Caminhei até o camarote.

Ela estava debruçada na janela, ainda usando aquele vestido transparente.

Uma bela visão, não posso negar.

Segurei-a firme pela cintura e a puxei de volta, sentando-a na cama.

— Que merda você pensou em fazer? — perguntei, sem paciência.

Ela me lançou um olhar frio.

— Fiquei enjoada. Precisava de ar fresco.

— Entendi. E, ao invés de colocar só o rosto para fora, resolveu colocar o corpo inteiro?

Seus olhos estavam fixos nos meus. Essa garota queria ver minha alma.

— Bem, eu explicaria... se fosse obrigada a isso. Como não sou, apenas agradeço por me salvar — mesmo sem eu ter pedido. Agora, devo ir.

Segurei seu braço, desviando o olhar para o ferimento em sua barriga.

Não havia corte. Apenas a marca vermelha do sangue seco.

— Vai voltar para Tallinn?

Ela olhou para a ilha pela janela.

— Não. — Sua voz foi apenas um sussurro.

— Então o que vai fazer? Subir nas costas de um peixe e pedir que ele te leve a outra ilha?

Ela suspirou, cansada.

— Vamos navegar para Dolphin, a leste daqui. Quando ancorarmos, você pode ficar... se quiser.

ela me lançou um olhar desconfiado, mas, por fim, assentiu.

Saí do camarote, permitindo que ela descansasse.

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