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CAPÍTULO 5: O Capitão Vrynn

TESSAR VRYNN

Estávamos finalmente em Tallinn. Sempre ancorando longe do cais, atrás dos rochedos, o cheiro de sal e sangue velho entupindo minhas narinas. A aldeia de Tallinn era um cemitério de pedra à beira-mar, onde as ondas batiam como punhos famintos.

A sensação de déjà vu tomava conta de mim enquanto o bote se aproximava do cais.

Aquela garota estava de pé na borda do penhasco, os pulsos amarrados com corda de cânhamo, o vestido branco colado ao corpo por causa do vento e da brisa salgada. Sangue escorria da barriga dela, onde uma adaga ainda estava cravada.

Ela estava irreconhecível — magra como um fantasma, cabelos curtos e embaraçados onde antes eram longos. Estávamos distantes, mas eu ainda conseguia ver o sorriso dela.

— Ela vai se jogar? — Bjorn perguntou.

Antes que eu respondesse, o corpo dela despencou no mar, e meu instinto reagiu antes da razão. O choque da água gelada me roubou o fôlego, mas eu já estava nadando para alcançá-la.

A escuridão do mar engoliu tudo. Vi o rastro de sangue subindo como fumaça. Nadando para baixo, quase engasguei quando a encontrei: flutuando de bruços, cabelos como algas ao redor da face. Seus olhos estavam abertos. Olhando para mim.

A água salgada queimava nos cortes do meu braço enquanto eu arrastava aquela maldita garota de volta para a praia. Ela lutava como um diabo enjaulado, cuspindo, arranhando, tentando me afundar junto com ela.

— Solta-me, seu paspalho! — ela gritou, cuspindo água salgada no meu rosto.

Segurei seu queixo com força, sentindo os ossos finos sob minha mão. Ela era tão frágil. Por um instante, uma lembrança antiga veio à mente. Mas isso não importava agora.

— Você ainda fala como uma criança mimada — grunhi, puxando-a pela areia. — Ainda não aprendeu? Ninguém morre quando quer. E o mar não é tumba de ingratos.

— Por que não trata dos assuntos que lhe dizem respeito? — ela gritou, tentando se soltar.

Eu a segurei com mais força.

— Estou fazendo isso, garota.

Os gritos ao longe me lembraram de outro problema: os aldeões estavam vindo. Alguns corriam em nossa direção com foices e archotes. Não era problema meu. Eu tinha assuntos a tratar, não perderia tempo ali, mas primeiro precisava lidar com esse pequeno demônio molhado.

— Garrick! — gritei para meu imediato, que observava tudo do bote. — Amarra essa fera antes que ela me arranque um olho!

Ele saltou na água e a envolveu em uma corda antes que ela pudesse protestar. Ela mordeu seu braço. Bjorn riu.

— Ela é forte. O que será que fez para quererem ela morta?

— Não sei, mas vou levar uma pilhagem diferente desta vez — respondi, sorrindo.

Enquanto a levavam para o navio, me virei para a multidão que se aproximava.

— O primeiro que der mais um passo vira isca de tubarão — anunciou Dario, meu artilheiro, apontando uma pistola para a turba.

Funcionou.

Garrick se virou, segurando minha pilhagem humana nos ombros.

— Capitão, precisamos nos preocupar?

Olhei por sobre os ombros sem dizer nada, mas sabia que ele entenderia.

Ele assentiu e voltou para o bote.

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