O amanhecer chegou tingido de cinza, como se as nuvens carregassem o peso dos segredos que pairavam entre ela e o mundo. Marina despertou com o coração acelerado, a respiração curta e uma fina camada de suor colando os fios de cabelo à sua testa.
A imagem da árvore sangrando ainda latejava em sua mente — as raízes pulsando como veias vivas, o cheiro metálico do sangue, o som abafado de algo respirando sob a terra.
Mas havia algo mais.
Um som... ou talvez não fosse som algum. Um sussurro, profundo e primal, que não vinha de fora, mas de dentro dela. Como se a floresta falasse através de sua pele, como se cada folha e pedra vibrasse em um idioma que ela estava começando a compreender.
A varanda da cabana parecia mais fria que o habitual. Envolta pelo moletom largo de Kieran, Marina se sentou, abraçando uma caneca de chá fumegante. O vapor subia como névoa, acariciando-lhe o rosto. O vento da manhã tocava sua pele, cortante, mas incapaz de apagar o calor estranho que ardia em s