SAVANA
A primeira coisa que senti não foi a claridade.
Foi o calor.
O corpo dele, pesado e quente debaixo de mim, encaixado no meu como se tivesse nascido para aquele espaço. A respiração dele, lenta, quente, roçando na minha nuca. O braço dele, firme em torno da minha cintura, me mantendo ali — presa e segura ao mesmo tempo.
Por um instante, fiquei completamente imóvel. Não queria que aquele momento acabasse. Não queria que a manhã chegasse.
Mas a luz filtrada pelas frestas da janela já começava a riscar o chão da sala. O sol, como sempre, não espera por ninguém. Nem por nós.
Caleb mexeu-se devagar. A barba por fazer roçou minha pele e me arrancou um arrepio que desceu inteiro pelas costas.
— Bom dia… — ele murmurou, a voz rouca de sono e noite mal dormida.
— Bom dia… — respondi, virando o rosto só o suficiente para encontrar os olhos dele.
Ele estava bonito de um jeito perigoso. Cabelo bagunçado, olhar calmo demais pra quem sabia exatamente o risco que estava correndo ficando ali. S