CALEB
Saí pela porta dos fundos com o sol recém-rasgando as sombras e o cheiro dela preso na gola da minha camisa. O orvalho rangia sob as botas, e cada passo parecia fazer barulho demais numa fazenda que ainda acordava devagar.
Savana.
Passei a mão pela nuca, como se isso fosse apagar a lembrança da pele dela grudada na minha. Não apagou. Nada apaga aquilo tão fácil.
Prendi a respiração quando passei perto do galpão — não por medo de ser visto, mas porque ainda sentia o corpo latejando com a lembrança dela.
Era cedo demais pra carregar um segredo tão quente.
Entrei em casa devagar, como quem volta de um lugar que não devia ter ido. A cozinha estava com aquela claridade pálida de manhã recém-nascida. Coloquei a chaleira de ferro no fogo. Depois que coei o café, o cheiro encheu o ar — familiar, seguro, quase cruel de tão normal.
Sentei-me na ponta da mesa, ajeitei o chapéu na perna e esfreguei as mãos no rosto, tentando apagar o resto da madrugada. Mas não dava. Estava em cada músculo.