CALEB
O resto da manhã passou como uma boiada no curral depois da chuva: barulho por fora, caos por dentro. Eu dei ordens, revisei cercas, falei com os peões e acompanhei caminhão… mas tudo soava longe. Como se alguém tivesse abaixado o volume do mundo.
O calor da pele dela ainda estava nas minhas mãos. A maneira como ela me olhou depois — firme, ofegante, com aquele brilho nos olhos — ficou gravada em mim como marca de fogo em couro.
Não houve recuo. Não houve arrependimento. E isso… muda tudo.
Na hora do almoço, subi até a varanda de casa. O sol batia forte, mas ali em cima a sombra era boa e o vento corria livre, trazendo o cheiro de terra e mato.
Meu pai já estava sentado na ponta da mesa de madeira, como sempre: camisa xadrez aberta no peito, chapéu velho pendurado no gancho atrás da cadeira e aquele olhar que enxerga mais do que a gente gostaria.
— Você tá com cara de quem viu o diabo e gostou — ele disse assim que me viu.
Peguei o prato, me servi de arroz, carne e feijão, e me