O padre fez mais uma oração antes que todos se sentassem.O silêncio dominava a igreja, e a única voz que ecoava era a dele — firme, pausada, quase hipnótica.Eu nunca gostei de estar ali.Ia aos cultos porque minha mãe me obrigava. Simples assim.— Angel, ajeite esse vestido. — sussurrou ela, inclinando-se para o meu ouvido. — Da próxima vez, use algo decente.Olhei para o tecido azul-claro que ia um dedo acima do joelho e soltei um suspiro impaciente. Puxei um pouco a barra para baixo, só para evitar outra bronca, e voltei a encarar o altar.Todos olhavam para o padre como se ele fosse um santo, um mensageiro direto de Deus.Mas eu pensava diferente.Acredito em Deus, mas não acho que é a igreja que nos aproxima d’Ele.Mamãe, por outro lado, era devota ao extremo.Não faltava a um culto, se confessava toda semana e dizia que só existiam duas coisas realmente importantes na vida: o trabalho e a fé.Não que ela não se importasse comigo — mas, às vezes, eu me sentia invisível.Ela me c
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