O relógio girava devagar. Cada hora parecia durar o dobro do tempo. Eu lia, organizava, preenchia planilhas, mas meus pensamentos voltavam para ela. Quando levantava a cabeça, a visão de Lucas digitando pacientemente no canto da sala me lembrava que ainda havia mundo além dela, mas que eu mal conseguia enxergar.
O celular vibrou no bolso. Atendi rapidamente: — Alô? Do outro lado, a voz dos meus amigos veio animada: — Dante! O carro tá pronto, finalmente! Pode buscar quando quiser. Um sorriso lento se formou nos meus lábios, mas ao invés de me empolgar totalmente, respirei fundo. — Segura aí por um tempo — respondi, mantendo a voz calma. — Ela não precisava saber ainda. Hoje é a oportunidade de ficar mais perto dela. Desliguei, guardando o celular. A ideia de passar mais tempo com ela me deixou ansioso e empolgado ao mesmo tempo.