Desci do carro e atravessei a portaria. Cruzei os olhos com Isabela por um instante. Ela estava de cabeça erguida, postura impecável como sempre. Um leve sorriso escapou de mim, rápido demais para ser notado por mais alguém, antes de seguir para minha sala apertada no arquivo.
O resto da tarde parecia se arrastar. Pilhas de papéis me cercavam, relatórios abertos na tela piscando números que eu não conseguia fixar. Cada gesto dela, cada olhar no carro, ainda queimava dentro de mim. Eu precisava me concentrar, mas era como se a lembrança de Isabela tivesse ocupado cada centímetro do meu cérebro. Foi no meio dessa confusão que ele apareceu. O mesmo garoto que eu tinha visto mais cedo com uma câmera pendurada no ombro. Magro, cabelo desgrenhado, óculos enormes escorregando no nariz, segurando uma pasta cheia de documentos e um notebook que parecia quase maior do que ele. — Ei… você é novo aqui, né? — a voz dele saiu meio trêmula. — Preciso de