O relógio marcava dez e meia da noite quando deixei a cobertura.
O carro preto me esperava na garagem, mas cada passo até ele parecia gritar dentro de mim como um aviso: não vá.
Mesmo assim, fui.
O Hotel Imperial brilhava na Avenida Imperial como um templo de luxo. Cristais, tapetes vermelhos, recepcionistas treinados para sorrir sem nunca perguntar nada.
Era um lugar perfeito para encontros que não podiam ser descobertos.
Subi no elevador sozinha e o meu coração disparava a cada andar que passava.
Oito. Zero. Nove.
O corredor estava silencioso demais. As luzes douradas criavam sombras longas. Respirei fundo, bati na porta.
Ela se abriu devagar.
Era Olga.
Um vestido preto colado ao corpo, os lábios vermelhos como sangue, o cigarro aceso entre os dedos. O olhar dela era de quem já tinha vencido.
— Entre, querida. Estava esperando você.
Entrei. O quarto era amplo, mas a escuridão pesava. Na mesa, uma pilha de pastas e fotos espalhadas. A prova de tudo que Rafael mais temia.
— O que você