O prédio do Grupo Ayra parecia respirar tensão. Desde cedo, jornalistas se amontoavam nas portas de vidro, com suas câmeras em punho e microfones estendidos, como urubus em volta de um banquete. Os flashes disparavam até mesmo contra os carros que apenas desaceleravam diante da entrada.
Mas dentro de mim, a sensação era ainda pior do que lá fora. Era como caminhar para a própria execução.
Subi os degraus até a sala do conselho de queixo erguido, mas com o estômago em chamas. Cada olhar dos funcionários que cruzava nos corredores parecia me julgar e duvidar.
Quando empurrei a porta da sala, o ambiente me engoliu.
Todos os diretores estavam lá, alinhados em torno da mesa de madeira escura.
Os advogados do Grupo, dois jornalistas convidados — porque Ana sabia usar a imprensa a seu favor — e até alguns investidores de fora. Era um teatro. Um circo armado para a minha queda.
E lá estava ela.
Ana.
Impecável, toda de branco com o cabelo preso em um coque delicado, ostentando um sorriso estud