Fragmentos de humanidade

Elena já havia perdido a noção do tempo desde que os passos dele se apagaram no corredor. O silêncio que se seguiu foi como um manto espesso, sufocante, quebrado apenas pelas batidas descompassadas do próprio coração. A dor nas costas pulsava em ondas densas, quase ritmadas, mas era o vazio dentro de si que mais a perturbava — um vácuo escuro, ecoando uma única frase que não conseguia afastar: “Eu me importo. Mais do que deveria.”

As palavras reverberavam dentro dela como uma maldição sussurrada num templo abandonado. Cada repetição fazia seu peito apertar, como se não houvesse mais ar para respirar. E do outro lado da porta, o mundo parecia suspenso — imóvel, como uma fotografia em tons de cinza. Até que o estalo seco da fechadura a arrancou desse transe.

Ela se sentou de súbito na beirada do colchão, o corpo tenso, os olhos arregalados. O coração, antes lento, agora martelava no peito com a força de um tambor tribal. A luz fraca que escorria pelas frestas das cortinas tremulava, pro
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